11 de abril de 2025
O Brasil se destaca por possuir uma área cultivada com cana-de-açúcar com cerca de 9 milhões de hectares, um terço da área agropecuária do país, de acordo com levantamento realizado pelo MAPA em dezembro de 2024. Com ciclo longo, e uma diversidade de cenários encontrados, como áreas recém-plantadas e plantas quase prontas para os processos de maturação e colheita, a cultura enfrenta um período de estiagem, que coincide com o inverno. Nesse cenário, boas práticas visando o uso de potentes tecnologias, posicionadas corretamente a cada estágio de desenvolvimento, tornaram-se pilar para o sucesso produtivo desta cultura. Com o aumento da incidência de extremos climáticos e sem controle sobre estas variáveis, produtores e usinas canavieiras vivem à mercê de fenômenos de clima adversos, que trazem consigo grandes danos a cultura. No entanto, por meio de estudos desenvolvidos nas diversas instituições de ensino voltadas a agricultura e por especialistas do mercado, foram elaboradas estratégias quem podem ser adotadas com o intuito de atravessar os períodos de estiagem, por exemplo, com um mínimo de perdas (que podem chegar a 20%), mantendo altas a produtividade e qualidade do canavial. Os estudos têm demonstrado um caminho bastante promissor, através do uso combinado de ferramentas como nutrição foliar e ativadores do metabolismo, permitindo que, em condições desfavoráveis a planta ajuste sua resposta, reduzindo perdas e se preparando para a passagem pelo período de estresse (seca – maio a setembro), no qual o fornecimento de água para o sistema estará restrito. Em momentos de estresse, a planta ativa uma série de mecanismos de defesa, mecânicos (enrolamento de folhas, espessamento de parede celular, aprofundamento de raízes em busca de água) e fisiológicos (síntese de enzimas antioxidantes e aminoácidos) para minimizar a perda de água e as trocas gasosas com o ambiente, reduzindo seu gasto energético, e mantendo o equilíbrio do seu metabolismo pelo período mais prolongado possível. Tal situação pode reduzir ou até mesmo paralisar o desenvolvimento da cultura, resultando em provável perda do potencial produtivo do canavial, consequência de encurtamento de entrenós, redução de área foliar e da produção de açúcar. Nesse contexto, o manejo “Stay Green”, mais conhecido como “Pré-seca” tem como objetivo manter a atividade enzimática e fotossintética das folhas da cana-de-açúcar durante o período sem chuvas. A estratégia consiste em manter as folhas verdes, para que a planta não tenha seus processos fisiológicos afetados na condição de estresse hídrico. As principais aplicações com essa finalidade são à base de potássio, fósforo, magnésio, boro e aminoácidos, essenciais para a ativação do metabolismo e translocação de açúcar. O potássio (K), na planta, atua como regulador estomático, favorecendo o melhor aproveitamento de água e nutrientes. O fósforo (P), como um dos principais elementos formadores de ATP, molécula responsável pelo armazenamento e transporte de energia nas células, incluindo os açúcares produzidos. Enquanto isso, o magnésio (Mg) é componente central da clorofila, sendo imprescindível para a realização da fotossíntese. O boro estabiliza as membranas celulares protegendo-as dos efeitos da perda de água. Outra possibilidade, a aplicação foliar de aminoácidos, complementa o manejo nutricional de forma extremamente eficaz, e otimiza a resposta fisiológica da planta. Aminoácidos são precursores de enzimas antioxidantes, essenciais para a degradação de radicais livres formados durante o estresse, e que são tóxicos ao metabolismo da cana-de-açúcar. Além disso, atuam como osmorreguladores, evitando a perda excessiva de água. O manejo pré-seca, no entanto, exige um planejamento cuidadoso, para que seja posicionado no momento ideal afim de garantir o fortalecimento da planta, melhorar sua resistência e potencializar seu desempenho agronômico. Ao integrar essas ferramentas com outras práticas e tecnologias agrícolas, os produtores reduzem os efeitos negativos da estiagem além de promover uma produção mais sustentável e eficiente. A adoção do manejo pré-seca não apenas protege a lavoura contra perdas produtivas, mas também contribui para a eficiência do uso de insumos, proporcionado maior resiliência fisiológica e nutricional às plantas. Dessa forma, uma dúvida frequente quanto a este manejo se dá frente ao momento da aplicação, que deve ocorrer próximo às últimas chuvas de outono, historicamente posicionadas nos meses de abril e maio. Uma decisão relacionada ao clima e de difícil previsão, que varia de região para região, de ano para ano, sempre em função da definição climática da safra em questão, podendo se antecipar em alguns casos. A anormalidade climática traz consigo obstáculos à produção de cana-de-açúcar, e devido a adoção de janela produtiva na qual a cultura se expõe a longo período de estiagem, baixa radiação e baixa temperatura, se faz necessário adotar ferramentas e implementar estratégias que garantam a entrega de produtividade, longevidade e lucratividade do canavial. Neste contexto, se inclui o uso racional e integrado de nutrientes e aminoácidos, como proposto pelo manejo pré-seca, permitindo que a cana-de-açúcar enfrente melhor o período de adversidade e mantenha alto seu potencial produtivo.